sábado, 3 de março de 2012

Livros de artista




































O que é um livro de artista?

Quanto a esta questão não há uma resposta consensual.

Considera-se, contudo, que o que distingue os livros de artista dos restantes é a utilização do livro como suporte de um projecto artístico específico, não restringido ao papel e à tinta, mas incorporando todos os tipos de materiais usados pelo artista.

Não são, pois, livros de reproduções de trabalhos de um artista, ou sobre um artista.

Para alguns investigadores só é considerado livro de artista todo aquele do qual se possa fazer tiragens e/ou edições ilimitadas. Não consideram como livros de artista aqueles que são executados por processos artesanais – que implicam a sua irreprodutibilidade por meios mecânicos – quer sejam exemplares únicos, quer sejam edições de poucos exemplares.

Para estes autores – Anne Moeglin-Delcroix, Ulisses Carrión, Clive Phillpot, entre outros – os livros-objecto não são considerados como livros de artista; este tem de ser um livro “normal” como os outros livros escritos que conhecemos e que possa ser arrumado ou encontrado numa prateleira de uma qualquer biblioteca pública ou privada. Defendem o livro de artista mais como portador de um conteúdo – no qual o artista quer dizer alguma coisa não fora do livro nem sem ele – do que como objecto estético.

Mas os livros-objecto não se prendem a padrões de forma ou funcionalidade, extrapolam o conceito livro rompendo as fronteiras comummente atribuídas aos livros de leitura para se assumirem como objectos de arte. São objectos de percepção. Normalmente são obras raras, muitas vezes únicas – como é o caso dos livros de Kiefer, como os de muitos outros artistas – ou com tiragens bastante reduzidas. No livro-objecto a narrativa literária é substituída por uma narrativa plástica; a estrutura livro dá lugar à estrutura plástica, nascendo uma outra forma expressiva.

Stephen Bury, no seu livro The book as a work of art 1963-95, considera que livros de artista são livros, ou objectos com a aparência de livros, sobre cujo produto final o artista tem um elevado, ou total, grau de controle, e onde o livro é tido como uma obra de arte em si.