Quanto
a esta questão não há uma resposta consensual.
Considera-se,
contudo, que o que distingue os livros de artista dos restantes é a utilização
do livro como suporte de um projecto artístico específico, não restringido ao
papel e à tinta, mas incorporando todos os tipos de materiais usados pelo
artista.
Não
são, pois, livros de reproduções de trabalhos de um artista, ou sobre um
artista.
Para
alguns investigadores só é considerado livro de artista todo aquele do qual se
possa fazer tiragens e/ou edições ilimitadas. Não consideram como livros de
artista aqueles que são executados por processos artesanais – que implicam a sua
irreprodutibilidade por meios mecânicos – quer sejam exemplares únicos, quer
sejam edições de poucos exemplares.
Para
estes autores – Anne Moeglin-Delcroix, Ulisses Carrión, Clive Phillpot, entre
outros – os livros-objecto não são considerados como livros de artista; este tem
de ser um livro “normal” como os outros livros escritos que conhecemos e que
possa ser arrumado ou encontrado numa prateleira de uma qualquer biblioteca
pública ou privada. Defendem o livro de artista mais como portador de um
conteúdo – no qual o artista quer dizer alguma coisa não fora do livro nem sem
ele – do que como objecto estético.
Mas
os livros-objecto não se prendem a padrões de forma ou funcionalidade,
extrapolam o conceito livro rompendo as fronteiras comummente atribuídas
aos livros de leitura para se assumirem como objectos de arte. São objectos de
percepção. Normalmente são obras raras, muitas vezes únicas – como é o caso dos
livros de Kiefer, como os de muitos outros artistas – ou com tiragens bastante
reduzidas. No livro-objecto a narrativa literária é substituída por uma
narrativa plástica; a estrutura livro dá lugar à estrutura plástica, nascendo
uma outra forma expressiva.
Stephen
Bury, no seu livro The book as a work of art 1963-95, considera que
livros de artista são livros, ou objectos com a aparência de livros, sobre cujo
produto final o artista tem um elevado, ou total, grau de controle, e onde o
livro é tido como uma obra de arte em si.
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